O prazer secreto da masturbação
Publicado em 2012-10-10 na categoria Sexo100Tabus / Masturbação


Foi considerado um vício maldito e punido durante séculos, a auto-estimulação é hoje considerada normal e saudável, e até recomendada em casos de disfunção sexual. A masturbação é libertadora de tensões ou de busca de prazer, mas ainda causa muita vergonha. Não causa doenças nem é perversão!

Quem nunca cedeu ao acto solitário, que atire a primeira pedra... Mesmo nos nossos dias, poucos homens e ainda menos mulheres o fariam. Até há algum tempo havia uma tradição, «algo falaciosa», que pretendia associar à masturbação a uma condição de doença, de mal e igualmente de pecado.

Felizmente todos estes conceitos que estão associados ao sexo vão sendo desacreditados e desaparecendo da nossa cultura. «O próprio desenvolvimento científico em relação a esta área da sexologia permitiu evidenciar que não é correcta esta associação», são palavras do Dr. Luís Gamito, psiquiatra e sexólogo, do Hospital Júlio de Matos.

Sobre os malefícios da masturbação, o especialista refere apenas situações que têm a ver com a saúde. «Trata-se de facto de uma doença do impulso, que a pessoa tem dificuldade em controlar, para obter prazer.

É a masturbação compulsiva. Neste caso é que há necessidade de consultar um técnico habilitado para obter alguma ajuda», esclarece o especialista. Mas estes, garante, são mesmo casos raros. O fenómeno normal e natural de uma rapariga ou rapaz de se masturbar para daí tirar prazer não pode de forma alguma ser associado a doença.

Luís Gamito admite que o também denominado vício de Onan (onanismo) de uma mulher que não tem companheiro, ou que viva isolada, sinta mais necessidade deste acto do que outra que seja casada ou que tenha um relacionamento sexual regular.

Anorgasmia - a falta de estímulo

Este, ainda persistente tabu, continua associado a um conceito de vergonha e discriminação. Daí só muito raramente alguém confessar a sua prática. «No caso das mulheres, temem ser mal-interpretadas e mal entendidas por parte dos outros, de forma depreciativa. Sobretudo que as considerem uma prostitutas ou viciadas», justifica o psiquiatra.

Em relação ao sexo oposto refere que, segundo estudos feitos, é maior o número de homens que assumem que se masturbam. E fazem-no mais do que as mulheres. Esta desvantagem tem ainda consequências negativas em termos de problemas sexuais femininos.

«É muito provável que nós encontremos na história anterior dessas mulheres uma ausência da prática masturbatória. Talvez por não a usarem e explorarem devidamente acabam por ter mais dificuldade em obter uma realização sexual normal», analisa o médico, que refere concretamente o caso da anorgasmia, (ausência de orgasmo).

«Talvez por terem vergonha da prática em si, vergonha do sexo e de se sentirem culpabilizadas por estas situações ligadas ao sexo, acabam criando, para elas, sintomas de ansiedade, de que resulta dificuldade em ter orgasmo».

A conclusão do médico é que mesmo noutras situações em que parece existirem sentimentos de culpa, é provável que sejam de carácter religioso.

No fundo trata-se de uma auto-satisfação secreta. «É sinal do desejo que a pessoa sente de estar com alguém, mas que não consegue. Sinal de carência amorosa e sexual, de acordo com a sua necessidade», esclarece Luís Gamito.

Prática útil e necessária

Mas o acto solitário é também usado com outro propósito, que não o de obter simplesmente prazer. Segundo o entrevistado, pode servir como redutor da angústia ou ansiedade, libertador de tensões, que nada têm a ver com sexo. «É semelhante àquelas pessoas que recorrem ao álcool para se sentirem melhores, mais eufóricas, mais alegres», compara.

 

Se o acto masturbatório for praticado em frente a um parceiro, já não será solitário, e pode ser visto como fazendo parte do jogo erótico do casal. «Por vezes, a própria mulher na relação com o companheiro pode masturbar-se, porque lhe apeteceu naquele momento.

É aceite como um acto natural e normal. É vivenciado com o companheiro.» E o sexólogo salienta: «É um acto com o companheiro e não contra o companheiro, não o rejeitando de forma nenhuma.»

O acto da masturbação, está provado cientificamente pela Organização Mundial de Saúde (OMS), quer nas mulheres quer nos homens, não é uma doença ou perversão, nem prejudica a saúde, e é até necessário ao desenvolvimento do indivíduo.

O peso da tradição, contudo, insiste em associá-lo a vergonha. As novas gerações decerto se encarregarão de afastar conceitos e fantasmas semelhantes a estes e associados a sexo.

 

Rolando Raimundo

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