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Sexo dos mortos Publicado em 2012-07-13 na categoria SexTrip / Arte erótica
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A arte erótica encontrada em túmulos pré-colombianas no Peru revela retratos intrigantes de culturas anteriores à civilização dos incas - e uma visão singular sobre a morte e o sexo. Seja nas sociedades maias ou astecas do México, ou entre os incas do Peru, há poucos registros sobre a vida sexual na época pré-colombiana. Essa é uma das razões do interesse pela rara coleção de arte erótica do Museu Rafael Lar co Herrera, que funciona num palacete do século XVIII, em Lima, e reúne mais de 45 mil objetos. Ao chegar ao museu, os turistas descobrem que o sexo é apenas um dos temas intrigantes de civilizações com mais de cinco mil anos de história. Reinaugurado em setembro de 2010, depois de uma criteriosa reforma, o museu exibe peças em estantes fechadas por vidros, catalogadas por época e por cultura, recuando até 8.000 A.C.: tecidos, cerâmicas, vasos, flechas, estátuas, joias e objetos de ouro e de prata. Nascido no Vale de Chicama, perto da cidade de Trujillo, Larco Hoyle passou a vida coleccionando vestígios de civilizações passadas no norte do país. Para homenagear o seu pai, Rafel Larco Herrera, que também promovia a arqueologia peruana, Hoyle fundou o museu em 1926, na fazenda da família, em Chiclin, e mais tarde o transferiu para o palacete de Lima. As 45 mil peças reunidas integram uma espécie de livro dos mortos pré-colombiano. Quase todas foram encontradas em túmulos e estão ligadas a práticas funerárias e de sacrifício. Cada uma à sua maneira, seja pela forma, pelo material ou pelos desenhos, conta algo sobre as culturas ancestrais da região. Uma ânfora de cerâmica, por exemplo, revela hipóteses sobre a guerra, o poder dos xamãs e as divindades. Quando se fala em civilizações pré-colombianas peruanas, pensa-se logo nos incas. "O equívoco acontece sempre", diz a arqueóloga Ulla Holmquist, curadora do museu. O império incaico durou apenas um século, mas marcou a história porque era a cultura dominante que os espanhóis encontraram ao se instalarem no Peru no século XVI. "Os incas duraram três ou quatro gerações, enquanto a presença humana no país tem mais de dez mil anos. A domesticação dos animais e a agricultura começaram em 7.000 aAC. As sociedades sedentárias se consolidaram entre 3.000 A.C. e 2.500 A.C. Portanto, é uma história bem mais longa."
Imagem á direita: O ouro e a prata inca atraíram a cobiça dos espanhóis que conquistaram o Peru em 1532. A mais antiga sociedade do Peru foi a civilização caral, que floresceu ao longo da costa do Pacífico entre 3.000 a.C. e 1.800 a.C. Há indícios de presença humana recuando até 10.500 A.C. Depois da cultura caral, há camadas de culturas arqueológicas distintas: cupisnique, salinar, chavin, paracas, virú, mochica, nazca, huari, lambayeque e chimu. Só depois dos chimus vieram os incas que criaram um Estado baseado na agricultura em terraços, irrigação, pecuária de lhamas e vicunhas e pesca - uma sociedade sem mercado nem dinheiro. Dez anos depois, a coroa espanhola estabeleceu o vice-reinado do Peru controlando todas as suas colónias na América do Sul.
Holmquist ressalta que a arte erótica é apenas uma das manifestações vitais da arte précolombiana. Muitas culturas dividiam a vida entre o mundo dos vivos e o dos mortos, um exterior e outro interior, invisível. "Achar que aqui temos uma espécie de Kama Sutra précolombiano revela a nossa visão ocidental a do sexo e não a de pessoas que viviam em outra época com conceitos diversos." Muitas cenas retratadas remetem à sociedade dos mortos. A maior parte dos objetos pertence à cultura mochica, que colonizou os vales do Norte, entre 300 A.C. e o ano 1.000. Os mochicas não chegaram a constituir um Estado ou uma unidade política que integrasse os centros populacionais, apesar da extensão da sua civilização e do tempo que perduraram. Para eles, os ancestrais seguiam fertilizando a terra e assegurando a continuidade do ciclo produtivo,no mundo invisível no qual viviam após a morte. Aí continuavam a cantar, a dançar e a manter relações sexuais. Muitas cenas mostram práticas sexuais tradicionais como masturbação e felação. Segundo os antropólogos, os mortos expeliam sêmen, embora a fecundação não fosse mais possível.
Imagem á esquerda: Garrafa mochica (100 a.C. - 800 d.C.). Casal em relação sexual com o filho a dormir. "Os seres do passado são considerados seres sociais que possuem desejos", explica o antropólogo alemão Jürgen Golte, especialista na América andina. "Eles viviam conflitos, sentiam repugnância, atração, estabeleciam alianças, faziam oferendas, feriam, assaltavam e violavam. O cosmos sociomorfo era um cosmos de seres activos." Para Golte, o sentido das imagens legadas não é de simples decifração. "O Kama Sutra dos andinos carece de um prazer expresso aparente. Mas isso não significa que eles não tivessem prazer", ressalta. |
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