Bissexualidade masculina
Publicado em 2012-07-16 na categoria SexCult / Bissexualidade


Em termos biológicos e culturais, homens e mulheres foram feitos uns para os outros, para se admirarem, respeitarem, desejarem, amarem e unirem. Mas nem só de tradições são formados os grupos de uma sociedade, que às vezes, em busca de novos valores, realizações e fantasias, formam outros grupos, mesmo que, na verdade, menos participantes e transparentes a vista da sociedade em que estão inseridos.

A questão da bissexualidade masculina é crescente, mas ainda pouco discutida em trabalhos teóricos, teses, artigos, uma vez que a homossexualidade é mais visada e discutida. Alguns autores remontam a bissexualidade a uma característica do indivíduo homossexual, que para se sentir mais seguro na sua vida sócio, económico e familiar, divide-se entre os objectos de desejo (homens e mulheres), muitas vezes, constituindo lares, com filhos, vida harmoniosa, sexualidade satisfatória com a sua parceira e até felicidade. Isto até que a sua identidade sexual secreta se revele. Porque aí, na quase totalidade dos casos, o casamento ou união se desmorona, dando lugar a separação, mágoas e ressentimentos.

Entende-se por relações bissexuais, as relações mantidas com pessoas tanto do mesmo sexo, quanto de sexo diferente. O bissexualismo masculino é hoje, fonte de grande preocupação na disseminação da sida. A sua prática é muito comum na nossa sociedade, mas não é assumida pelos seus praticantes. Muitas vezes, homens casados que mantém relações regulares com as parceiras saem para aventuras sexuais rotineiras, com profissionais do sexo, homo ou bissexuais.

Com alguma frequência, durante a relação homossexual, assumem a posição receptiva, recebendo o sémem do parceiro, o que predisporia a um risco maior de contaminação pelo HIV além de outras infecções venéreas. Os prostitutos ou homens do prazer, são procurados pelos ditos bissexuais, como forma de preservar a sua identidade sexual secreta. Muitos deles são mesmo heteros, e assumem a posição de homo por necessidade de melhoria da sua vida financeira.

Geralmente os bissexuais afirmam que o desejo não tem sexo. E aí se percebe que a bissexualidade é mais complexa do que se pensa. Não é uma escolha e muitas vezes é determinada por fatores familiares e ambientais. Segundo os pesquisadores Masters e Jonhnsons, muitos homossexuais adotam postura bissexual para transitar com mais naturalidade na sociedade e garantir a segurança que a família constituída ou a parceira constante lhe fornece em nível profissional, social e principalmente afectivo.

"...ser um homem feminino/
não fere meu lado masculino..."

Ney Matogrosso

Teoria Freudiana

Desde as suas primeiras revelações há mais de cem anos, até hoje, a psicanálise baseia os seus questionamentos na sexualidade. A psicanálise relembra, postula, define, renova e questiona continuamente a sexualidade humana, partindo da ideia de Freud, de que o trabalho psíquico se alimenta da energia sexual e sendo assim, a origem do desejo sexual é psíquica.

A inversão: Pessoas com desvio em relação ao objeto sexual. Os invertidos podem ser:

  • ABSOLUTOS: Objecto sexual só do mesmo sexo.
  • ANFÍGENOS: Sem exclusividade, objecto sexual dos dois sexos.
  • OCASIONAIS: Objecto sexual do mesmo sexo, como reação por ex: inacessibilidade ao sexo hetero.

Os invertidos têm reações variadas as suas condições, alguns a aceitam e outros rebelam-se e sentem a sua inversão como compulsão patológica.

A inversão pode vir de longa data ou só manifestar-se antes ou depois da puberdade. Este caráter pode conservar-se por toda a vida, ser ocasionalmente suspenso ou ainda, construir um caminho para o desenvolvimento normal.

Digno de nota são os casos em que a libido se altera no sentido da inversão, depois de ocorrida uma situação frustrante ou conflitante com o objecto sexual dita normal.

Nota-se que existe então, uma disposição bissexual implicada na inversão. Os invertidos sentem-se seduzidos pelas características masculinas do corpo do homem e sente-se como mulher, buscando então, o homem. Mas esta não é uma característica generalizada dos invertidos. Muitos deles preservam o caráter psíquico da sua virilidade, não ostentam traços femininos e buscam no seu objecto de desejo, traços femininos.

Desde a antiga Grécia, o que mais encantava os homens (bi) invertidos, não era o caráter masculino do efebo, mas as suas semelhanças físicas com a mulher, ou atributos de personalidade mais típicos numa mulher. Pode-se presumir que o homem quando entregue as lembranças infantis da ternura da mãe ou de outras figuras femininas que lhe atendiam, fica fortemente norteado a escolha do objecto sexual mulher, enquanto que, a intimidação precoce que experimentou por parte do seu genitor e a sua posterior atitude competitiva em relação a ele, desvia-se do próprio sexo.

Prevenção da Inversão: Uma das tarefas descritas para a escolha do objecto está em não se desencontrar do sexo oposto. A grande força que repele a inversão, é sem dúvida, a atração que os caracteres físicos e psíquicos do sexo oposto lhe provocam. (Dessoir, 1984)

Fetichismo Transvéstico

O DSM IV da American Psychiatric descreve a característica essencial das parafilias como impulsos sexuais recorrentes e fantasias sexualmente intensas, envolvendo experiências de vestir-se como o sexo oposto, em homens heterossexuais e sentir-se como mulher, obtendo prazer desta forma.

 

 

Estas fantasias e impulsos causam sofrimento clinicamente significativo ou comprometimento de importantes áreas de função, como a social, a profissional e outras. A excitação sexual pode ser obtida através de amplo conjunto de comportamentos adicionais. Alguns são proporcionados por prostitutas ou prostitutos e outros encontram parceiros dispostos, ocasionalmente. Um pouco diferente disto, são os homens hetero, que no carnaval, fazem evoluções efeminadas, extravasando assim a sua porção “mulher”. Mas neste aspecto, os bissexuais ou só os participantes da folia do Momo, exteriorizam a sua feminilidade, porém, com complacência da plateia.

Citando Alberto Goldin, a sexualidade estabelece-se como via de mão única, e a duplicidade de opções, requer uma investigação mais profunda sobre a sua motivação. Ele questiona a existência da bissexualidade, quando relata ser duvidoso um indivíduo dispor de reações idênticas diante de um ou outro sexo. Acredita que a cultura ainda marginaliza a homossexualidade, sendo provável que a bissexualidade seja um artifício, que permite integrar a homossexualidade, já que não apareceria como tendência única do indivíduo.

Apesar das controvérsias, teorias pesquisas e análises que envolvem a bissexualidade, que são muitas e talvez ainda sejam poucas; para definir ou explicar esta forma de manifestação sexual do ser humano; uma questão é única e verdadeira: é uma situação conflitante e passível de preconceitos.

É realmente uma questão delicada, subtil, com causas e consequências, e por isto mesmo, é importante que não nos prendamos a rótulos, generalizações ou pré-conceitos. Devemos sim, respeitar a condição do outro, que com ou sem fantasias, precisa e busca a felicidade, assim como os foliões do Momo.

 
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