Amor entre mulheres
Publicado em 2012-09-20 na categoria SexCult / Lesbianismo


O amor entre mulheres ou lesbianismo, existe desde sempre, apesar de este tipo de amor já ter sido aceite no tempo de romanos, hoje ele ainda é visto com muito tabu. As mulheres que se amam são muitas vezes obrigadas a esconder os sentimentos que nutrem de uma sociedade retrógrada e que as condena. O lesbianismo sobrevive na clandestinidade do social, onde quem ama é obrigado as camuflar os gestos de amor por gestos de amizade.

O amor entre mulheres começou a ser explorado no cinema, publicidade e na televisão, mas de uma forma meramente sexual. Em alguns países já é permitido o casamento entre pessoas do mesmo sexo, em Portugal existem associações que lutam pelos direitos dos homossexuais, não exigem direitos diferenciados apenas diferentes semelhantes.

As mulheres com orientação homossexual, ao contrário do que muitos pensam, fazem parte do nosso convívio, seja na escola, no trabalho, nos locais de lazer. Em várias ocasiões encontramos-nos com elas sem saber da sua orientação sexual, e nem sequer desconfiamos, pois temos, algumas vezes, uma visão distorcida e um constrangimento para abordar esta questão.

O preconceito e o estereótipo incrustado na sociedade obrigam muitas delas a não expressarem publicamente a sua orientação sexual. Consequentemente, o relacionamento amoroso entre as mulheres passa quase que desapercebido um espaço maior na sociedade, as lésbicas são duplamente discriminadas, pelo fato de serem mulheres e por possuírem uma orientação sexual ainda pouco compreendida pela sociedade.

Enquanto as mulheres heterossexuais começam a caminhar na direcção de uma maior liberdade, no sentido de manifestar e discutir as questões relativas à sexualidade, as lésbicas exercem e discutem a sua sexualidade à margem da sociedade, tolhidas pela discriminação.

As informações referentes às lésbicas são difundidas de forma preconceituosa e pejorativa, contribuindo para um maior desconhecimento sobre o tema. Dessa forma se pretende trazer esclarecimentos a respeito deste tema - o amor entre as mulheres - ainda envolto em tanto mistério.

1. O estereótipo

As referências apresentadas a respeito das lésbicas baseadas numa opinião elaborada sem a mínima reflexão, são as de que elas têm aspecto masculinizado, procuram imitar o comportamento masculino e não estão satisfeitas com a sua condição e mulher. Para muitas pessoas, a primeira imagem formada sobre as lésbicas é a de uma caricatura, de uma representação grosseira de uma mulher que anseia assemelhar-se a um homem.

Este estereótipo, frequentemente divulgado na sociedade, dificulta a obtenção de informações mais seguras, pois estabelece-se um pré-julgamento, considerado inquestionável, sem no entanto se tentar conhecer de fato a realidade das mulheres lésbicas.

Existe uma diversidade de comportamento e formas de se portar e se vestir, no qual qualquer parâmetro para enquadrar as lésbicas pode ser duvidoso e estar distante da realidade. Assim como se observam mulheres heterossexuais mais ajustadas ao modelo de feminilidade conhecido pela sociedade, entre as lésbicas ocorre de forma idêntica.

Pode-se encontrar mulheres femininas que gostam de se relacionar com outras mulheres igualmente femininas, como também se encontram mulheres com características mais próximas do padrão masculino. Logo, não se pode estabelecer modelos nos quais se encaixem as mulheres com orientação homossexual.


2. A denominação

Segundo o escritor Oscar Wilde, este é "o amor que não ousa dizer o seu nome". Partindo desta expressão pode-se supor o grande receio e a apreensão que a maioria das pessoas possui para abordar a questão homossexual e principalmente a questão da sexualidade feminina.

As informações falsas e alienantes, fornecidas principalmente pelos meios de comunicação, contribuem para um maior incompreensão a respeito, pois utilizam apelidos nos quais se adopta a suposição de que as lésbicas não estão satisfeitas com a sua condição de mulher a vivem em constante conflito em relação à sua feminilidade. Este estereótipo é reforçado através de apelidos pejorativos que difundem uma visão mistificada sobre as lésbicas.

O termo "lésbica" é normalmente usado na literatura específica, com também nos movimentos de consciencialização e emancipação homossexual, para designar uma mulher que manifesta amor por outra mulher. Esta denominação é originária da ilha de Lesbos (Grécia), na qual habitava um grupo de mulheres adoradas da deusa Afrodite.

As mulheres eram lideradas pela poetisa grega chamada Safo (625 AC - 580 AC), autora de diversos poemas que expressavam o amor entre mulheres e de onde procede também o termo "safismo", sinónimo de "lesbianismo". É frequentemente utilizado nos guetos, locais de encontro específicos, tais como bares, boates, restaurantes, o termo "entendida" para se referir a uma mulher lésbica.

As diversas denominações empregadas favorecem a formação de uma imagem pré-concebida, onde as mulheres com orientação homossexual são classificadas como se compartilhassem de características de personalidade semelhantes e de atitudes previsíveis. Assim, qualquer tipo de apelido por si mesmo se torna discriminatório, pois entre as lésbicas encontram-se mulheres das mais variadas origens, que exercem actividades profissionais e sociais comuns às mulheres heterossexuais.

Entende-se que a partir do momento em que ocorra uma maior liberdade na discussão a respeito da sexualidade, superando os tabus existentes, a questão da orientação sexual será compreendida de forma abrangente e serão abolidos os apelidos responsáveis pelo estereótipo formado sobre as lésbicas, pois elas são pessoas com sentimentos e emoções iguais às demais e possuem apenas uma orientação sexual diferente da maioria da população, mas que não faz delas pessoas anormais ou de comportamento social distinto das mulheres heterossexuais. Está a ser utilizado, neste caso, o termo "lésbica" por ser habitual esta denominação na literatura específica, como também entre os grupos políticos homossexuais.

3. O relacionamento amoroso entre mulheres

Presume-se que os relacionamentos amorosos entre as mulheres são responsáveis por grande conflito, por ligações doentias e acarretam muita infelicidade, pois algumas pessoas têm dificuldade de aceitar estes relacionamentos como naturais. Considere-se um rompimento ou desvio da ordem natural das uniões amorosas mais conhecidas socialmente (homem vs mulher). Acontece que, para as lésbicas, a formação de um casal heterossexual violaria a sua natureza, o seu íntimo e deste modo na infelicidade para os membros de uma família assim constituída.

A união entre as mulheres é a consequência natural da atracção e do amor que se sente para outra mulher. Manifesta-se o desejo de estar próxima, de tocar, de acariciar, como muitos imaginam, evitar ou inverter o foco de atracção para o sexo oposto, visto que em relação ao sexo oposto não se tem este tipo de actuação. Assim segue-se a tendência que permitirá à lésbica a realização integral de parte significativa de sua vida, caso contrário, ela estará sufocando os seus sentimentos e afastando a possibilidade da realização afectiva.

Algumas lésbicas adoptam certas referências dos casais heterossexuais, ou seja, estabelecem-se papéis sociais específicos, no sentido de comportamento e atitudes que são, de um modo geral, mais comuns ao sexo masculino e ao sexo feminino. Mas, na maior parte, nota-se a ausência de papéis pré-estabelecidas comuns aos casais heterossexuais, onde o relacionamento entre as lésbicas é distinguido pela divisão de direitos e obrigações, no qual não reproduz os papéis tradicionais de "marido e mulher".

Observa-se, com muita frequência, que os heterossexuais, ao conhecerem um casal de lésbicas, tentam identificar qual das duas mulheres exercem um papel ou outro, esquece-se, porém, que são mulheres e que o relacionamento é caracterizado por sentimentos e emoções inerentes a todas as mulheres.

Desperta grande curiosidade, entre os heterossexuais e os homossexuais masculinos, a forma na qual as lésbicas satisfazem seus desejos sexuais. Entende-se o relacionamento sexual como algo que transcende o simples contacto dos órgãos sexuais, sente-se prazer no toque dos corpos, nas trocas de carícias, onde se utiliza o corpo todo para expressar os sentimentos.

Parte-se, muitas vezes, da premissa que o relacionamento amoroso entre as mulheres baseia-se apenas em sexo, como se a lésbica estivesse sempre à procura de compreender e compartilhar a vida da companheira, dividindo alegrias e tristezas. De modo que se encontram uniões amorosas duradouras, baseadas na compreensão mútua.

4. A convivência entre as lésbicas e as mulheres heterossexuais

Algumas mulheres com orientação heterossexual sentem-se ameaçadas diante da presença de uma lésbica, pois imaginam que estas mulheres estão sempre dispostas a ter um relacionamento sexual e, desta forma, procuram afastar a lésbica da sua convivência. As sanções sociais em que as lésbicas estão submetidas são as mais diversas e numerosas, tais como: rejeição, afastamento, alvo de falatórios.

Este tipo de condenação social é mais frequente em centros urbanos menores e causam prejuízos, tanto à lésbica; que pode ter uma vida social restrita apenas aos meios homossexuais (os chamados guetos), quanto aos heterossexuais; que por receio se valem da concepção, desfavorável na nossa sociedade, na qual se discrimina a pessoa sem um prévio conhecimento, apenas pela orientação sexual.

A lésbica percebe que os desejos das mulheres heterossexuais diferem dos seus, muito antes das heterossexuais notarem que estão a conviver com uma lésbica. Deste modo, o receio em conviver socialmente com uma lésbica é infundado, pois elas não podem e nem pretendem interferir na orientação sexual das mulheres heterossexuais.

As lésbicas procuram relacionar-se com mulheres com sentimentos e desejos iguais aos seus, tendo necessidade de encontrar outra mulher, com a mesma orientação sexual, capaz de compartilhar a sua vida, desejo este que não poderia ser satisfeito por uma mulher heterossexual. Logo, a apreensão das heterossexuais diante de uma lésbica é, sem dúvida, desnecessária e resultado das poucas e falsas informações sobre este tema.

 
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